27 abril, 2011

Poesia do Pablo Neruda

Acredite que você pode mudar, se transformar e seguir
os seus mais profundos sonhos. Confie no seu projeto
de vida e persista, tudo é possível quando mantemos
o foco naquilo que desejamos.

Morre Lentamente
"Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes
de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior que respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um
estágio esplêndido de felicidade."

20 abril, 2011

Saúde e flexibilização

No século XX, muitos autores rejeitaram a defesa preconcebida de uma ou outra modalidade de interpretação do sofrimento e da dor do ser humano. Desta maneira, negaram os extremismos, tentando repetidamente fazer confluir idéias, teorias e metodologias com propostas, com intuições de notável interesse científico, filosófico e
biológico, dirigindo seu um olhar a integralidade da vivencia do homem.
Dentre estes autores podemos citar Wilhelm Reich, que buscou construir um sentido afetivo para as vivências do sujeito em toda sua plenitude, promovendo a flexibilização de sua forma de ser e estar no mundo.
No mundo contemporâneo o que se torna problemático é uma relação na qual se cinde o homem em mente/corpo roubando-lhe a compreensão da sua existência, categorizando e restringindo o seu viver. Ao enfocar apenas o corpo consegue-se encontrar suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Por outro lado, podemos privilegiar só a mente confinando o sujeito ao verbal, a mentalização.
A aventura da psicoterapia corporal é empreendida por aqueles que desejam descobrir continentes desconhecidos, desbravando novos horizontes de sua “mentecorpo”. Os indivíduos que fazem tal expedição fazem-no com a esperança de que suas descobertas
lhes permitirão a auto-expressão, o autoconhecimento, dando-lhes a vitalidade na aventura da vida de enfrentar melhor as tempestades e os infortúnios que cada um inevitavelmente conhece.
A psicoterapia corporal nos faz compreender o ser humano na sua integralidade quando
com suas profundas premissas, não apenas nos aponta a unidade inseparável do homem “mentecorpo” em todos os aspectos do viver, com conceitos inovadores como o de “Identidade Funcional” de Wilhelm Reich. Este autor define identidade funcional como basicamente a indissociabilidade do corpo e da mente, pois estes são equivalentes em sua função. Podemos compreender por este conceito a base da psicossomática que consegue unir tudo que a medicina separou para efeito de estudo.
Todo organismo pulsa, vibra, contudo ao mesmo tempo, precisa lidar com a história única e singular do sujeito inserido num mundo energeticamente constituído.
Ter consciência do próprio corpo na realidade é uma maneira de se autodescobrir flexibilizando o individuo para se ouvir, ver, sentir intensamente e a não desprezar seus sentimentos profundos.
Na psicoterapia corporal tratamos a pessoa por inteiro, levando em consideração sua história individual que não deve ser desprezada. Quantas vezes escutamos a pessoa se definir pela sua doença? Eu sou diabético, eu sou hipertenso. Na realidade, ao se descrever desta maneira, as pessoas estão internalizando estas doenças. Que tal mudarmos o sou por estou? Ao fazermos isto, nos damos a chance de mudar, porque a mudança precisa de flexibilidade, de um mergulho naquilo que nos define como pessoa, a nossa existência.
O ser humano deve ser visto levando em consideração o modelo holístico de saúde que engloba os aspectos biopsicossociais em todos os âmbitos de sua vida, incluindo os aspectos físicos, mentais, emocionais, energéticos e ambientais.
 Sentir, amar, pulsar, contrair e expandir, pertencer, ser e estar no mundo, existir. Estas são sem duvida a descrição de saúde no mundo atual.

19 abril, 2011

Respiração e vitalidade

A função respiratória faz parte da história de vida do ser humano e de sua troca com o mundo. Ao longo do desenvolvimento a respiração é vivenciada corporalmente e emocionalmente a partir da integração das dimensões biológica, cultural e pessoal do individuo.
Wilhelm Reich, por volta de 1935, percebeu pela primeira vez que as perturbações respiratórias se manifestavam de diversas formas em seus pacientes. Eram posturas deliberadamente cultivadas em algumas formas de treinos militares, onde se mantém o peito elevado e o abdômen encolhido restringindo a expiração. Desta maneira, estes indivíduos permaneciam no controle de suas emoções.
 A partir deste momento, Reich percebeu que a contenção respiratória fazia parte dos mecanismos de defesa do paciente. Sua linha de pesquisa, então, passou a focar a atenção não apenas no conteúdo de seu discurso, mas como estes se expressavam corporalmente, a forma de olhar, a postura, as atitudes, o gestual e expressões faciais.
Este autor desenvolveu diferentes métodos para intervir ativamente sobre o corpo do paciente por meio de massagem, da proposição de amplos movimentos respiratórios, diversos movimentos oculares, dentre outros.
Ao intervir diretamente no corpo, Reich descobriu que a dissolução de espasmos musculares crônicos, assim como, a flexibilização da atitude de contenção respiratória gerava ab-reações emocionais espontâneas, respostas vegetativas e o afloramento de memórias reprimidas.
Segundo Boadella (1985), ao se observar crianças e animais saudáveis respirando é possível verificarmos que a respiração natural envolve mobilidade total no peito e abdômen num movimento ondulante de todo o tronco.
A respiração também está relacionada ao toque, ao contato da pele, por isto a massagem reichiana deve ser utilizada para liberar a contenção muscular permitindo a pessoa expressar suas emoções facilitando desta maneira a movimentação da energia vital.
De acordo com Montagu (1986), o que pode demonstrar a importância da respiração é que existe uma alta incidência de asma em pessoas que, no início de sua infância, foram privadas pela separação do convívio com sua mãe, do contato corporal. Para este autor por os braços em torno de um asmático pode interromper a crise de asma.
Margaret Ribble nos diz da importância da experiência tátil para a respiração logo no início da vida:

A respiração, que é caracteristicamente superficial, instável e inadequada nas primeiras semanas de vida após o parto, é definitivamente estimulada de modo reflexo pela sucção e pelo contato físico com a mãe. Os bebês que não são suficientemente carregados no colo, e em particular se foram bebê de mamadeira, além de perturbações da respiração ainda desenvolvem distúrbios gastrointestinais com grande freqüência. Tornam-se engolidores de ar e sofrem do que popularmente se chamam cólicas [...] Deste modo, o toque da mãe tem uma definitiva implicação biológica para a regularização da respiração e da função nutritiva da criança. (RIBBLE abud MONTAGU, 1986, p.115)


 Durante a respiração o corpo mantém um suprimento energético adequado. A atividade psicomotora - trabalho, habilidade para as reações emocionais e atividade sexual- é uma maneira de liberar energia por parte do indivíduo. A fadiga física e mental, falta de sono ou excessiva atividade sexual esvaziam as reservas energéticas do organismo. Isto ocorre porque a energia vital deriva de reações de oxidação, cujo passo final é o acoplamento de elétrons de oxigênio, o que denota a importância do oxigênio no processo vital demonstrando a relação direta da função respiratória com a energia e os estados emocionais.
O motivo mais importante para uma respiração reduzida é a necessidade de eliminar tanto sensações corporais como emocionais desagradáveis. Entretanto, quando o indivíduo respira desta forma está também reduzindo sua energia vital podendo vir a adoecer.
Na terapia reichiana a respiração é um dos aspectos para o diagnóstico e tratamento das doenças ditas contemporâneas como: depressão, ansiedade, pânico e fobias.
Precisamos voltar o nosso olhar para o corpo como possibilidade de expressão e saúde. A vida é movimento, contato, respiração, energia e flexibilização.

Bibliografia:
BODELLA, David – Nos caminhos de reich, São Paulo. Summus, 1985
MONTAGU, Asheley – Tocar : O significado da pele, São Paulo: Summus, 1986  
Rosângela F. Adaime







28 março, 2011

Biografias

“Todas as histórias de vida são fascinantes. As pessoas nascem sob condições muito definidas e respondem a elas de múltiplas maneiras. Moldam-se em personagens sempre inéditas.
Se achamos nossa vida vazia e desinteressante, certamente nunca viajamos através da memória, buscando o nosso próprio percurso, nem nos empenhamos em contar uma história a nosso respeito.
Não falo de apanhar aqui e ali episódios vividos e relatá-los. Falo de narrar nossa existência com o objetivo de procurar, nela, aquele fio, escondido e insuspeito, que liga nossas vivência e lhes fornece sentido.
A partir do nosso nascimento, nossa história se estende para frente (até nossa morte) e para trás, antes mesmo de virmos ao mundo. Ela se apropria da história dos nossos antepassados, das heranças que nos deixaram (sonhos, valores, experiências, situação financeira e social...) e dos eventos da época em que nascemos.
A partir de então, vai se desdobrando, numa espécie de parceria com todos aqueles com quem convivemos, aqueles dos quais nos afastamos, com quem brigamos, os que esquecemos, os que admiramos...
Todos são cúmplices de nossos sucessos e fracassos, de nossos medos e idiossincrasias, de nossos valores e objetivos...
Mas ordenar todos os elementos que constituem nossas vidas é um trabalho lento e difícil. A narrativa de nossa história precisa de mais do que uma única versão.
Em geral, a primeira narrativa cumpre funções de sustentar a idéia que queremos ter de nós mesmo e de defender a personagem que acreditamos que somos em todas as ocasiões (vencedor, mártir, herói, vítima, perdedor, incompreendido...)
Grosso modo, a primeira história é sempre a versão conveniente para nós, montada inconscientemente por nós mesmo para justificar nossos atos e palavras. Ela é o relato do ator, que, de tão entrelaçado na trama de suas vivências, não pode olhar o panorama nem se ver de fato...
É muito difícil sermos atores, e, também, expectadores de nós mesmos. Como atores, agimos e sofremos, mas como expectadores, podemos nos ver, julgar e compreender as razões de nossos gestos e palavras.
Sermos expectadores e narradores de nós mesmos é o caminho único para conseguirmos dar um passo além em nossa existência: tornarmo-nos autores de nossa história.
Como autores, o que conquistamos é a chance de não mais nos deixarmos arrastar pelas contingências da vida. “Assim, nossa vida começa a ser propriamente, uma história.”

                     Dulce Critelli, terapeuta existencial e professora de filosofia da PUC-SP

24 março, 2011

O adoecer nas relações e a psicossomática contemporânea

Um fator preponderante nos relacionamentos é a comunicação, porque é através do processo de interação entre as pessoas que o sujeito se movimenta, amplia suas expressões emocionais e pode comunicá-las. Alguns sentimentos, tais como: a raiva, o medo, a tristeza muitas vezes paralisam impedindo a comunicação. A pessoa não consegue expressá-los verbalmente, nem mesmo através de manifestação, como por exemplo, o choro. Ao reprimir o sentimento de tristeza que está relacionado ao choro, a pessoa acaba desenvolvendo tensões musculares. O choro muitas vezes aparece com a conotação de fraqueza e falta de controle. Quantas vezes já escutamos a frase, homem que é homem não chora.
 Toda manifestação corporal está associada às emoções e sentimentos. Desde muito cedo, em nossa vida, vamos internalizando a maneira como recebemos o amor, estabelecemos vínculos e desenvolvemos nossa autonomia. Estar em conexão com as sensações corporais nos permite perceber os nossos limites como também as nossas possibilidades, ampliando os horizontes para uma vida mais saudável.
A psicossomática contemporânea rompe com visão segmentada, compartimenta de ser.  Com esta nova visão tratamos a doença como fazendo parte do ciclo vital de todos. Todos nós passamos por crises na vida, e, muitas vezes nos sentimos fracos achando que não há solução para os nossos problemas e evitamos falar. Quando nós sentimos, pensamos e agimos desta forma impedimos as possíveis elaborações das crises erigindo barreiras aos sentimentos e muitas vezes adoecemos.
Nestes momentos de crise é necessário falar, olhar para si e buscar responder a determinadas perguntas: O que me determina como pessoa? O que me faz feliz? Como eu posso mudar e transformar tudo aquilo que já não faz mais sentido para a minha vida?
Ao adoecermos nosso corpo e mente está nos dando uma dica de que devemos parar e rever os nossos padrões de comportamento, as nossas atitudes, a maneira como nos relacionamos. O sintoma é um importante aliado porque nos dá a chance de rever aquilo que já não suportamos mais abrindo um novo caminho para mudança.

14 março, 2011

Psicoterapia corporal reichiana


Desde o nascimento estamos constantemente nos relacionando, primeiramente com os nossos pais que influenciarão nossos relacionamentos futuros.
Ao longo da vida o individuo adquire um “jeito” de estar e lidar no mundo de forma repetitiva desenvolvendo padrões e modos característicos de atitudes e comportamentos frente a diferentes situações. A esta maneira de ser, Wilhelm Reich denominou de caráter, que nada tem a ver com a conotação usualmente relacionada ao termo no senso comum.
Nesta concepção, caráter é entendido como decorrente da história de vida do indivíduo, história do ponto de vista do seu desenvolvimento emocional, sendo o resultado dos modos como o indivíduo “resolveu” seus principais conflitos psíquicos.
Entretanto, os conteúdos emocionais não são expressos apenas pela expressão verbal, mas também pelo nosso corpo, o modo como falamos, o nosso tom de voz, postura corporal, ritmo respiratório são construídos ao longo da vida, nas relações que são afetivamente significativas: pais, irmãos, familiares.
A esta forma do corpo se mostrar nas relações Reich denominou couraça. Ele percebeu que as pessoas não só transmitiam suas emoções pela fala, mas também pelo corpo, com diferente localização das tensões corporais.
Tanto o caráter como a couraça se manifestam e se influenciam mutuamente e são conhecidos como mecanismos de defesa que o individuo se utiliza para se proteger de sentimentos que o fazem sofrer.
A psicoterapia corporal possibilita o individuo perceber o seu contexto presente associado a sua história pessoal para que ele possa compreender e elaborar como se coloca nas relações amorosas, familiares e de trabalho.
Muitas vezes não vemos saída para certas relações que nos fazem sofrer e tentamos mudar o outro porque lidamos com o ideal de pessoa que construímos. Com isto, há um dispêndio de energia, uma rigidez mental e corporal.
Por outro lado, existem também aquelas pessoas com um grau de dependência tão grande que impede o nível de diferenciação, ela vive a vida do Outro e conseqüentemente perde sua liberdade de ação, a sua autonomia.
A importância da psicoterapia corporal é ajudar a pessoa a perceber seus sentimentos, emoções e como estes afetam suas relações. Como também, perceber que as tensões musculares crônicas contêm emoções e conteúdos inconscientes. Ao explorarmos estas tensões conseguimos deixar aflorar as reações emocionais contidas, possibilitando um entendimento da contensão energética que muitas vezes nos paralisam e nos fazem adoecer.
Através de um intenso processo de autoconhecimento e observação, a percepção de si provoca transformações e a pessoa coloca a energia naquilo que realmente deseja para sua vida.

Indicação de livro sobre depressão

Acabo de ler, O Tempo e o Cão- a atualidade das depressões (Boitempo,2009) da psicanalista Maria Rita Khel. Esta autora nos traz uma nova hipótese com relação a depressão, vista não apenas como um sintoma clínico, mas como um sintoma social contemporâneo.
Neste sentido, a depressão é entendida como expressão do mal-estar que ameaça nossa adaptação a cobrança deste século, tais como: a velocidade, a euforia, a saúde, ao exibicionismo, ao sucesso, dentre tantas outras.
“A depressão”, diz Maria Rita, “é sintoma social porque desfaz, lenta e silenciosamente, a teia de sentidos e de crenças que sustenta a vida social desta primeira década do século XXI. Por isso mesmo, os depressivos, além de se sentirem na contramão do seu tempo, vêem sua solidão agravar-se em função do desprestígio social da sua tristeza.”
A depressão, atualmente, é sentida como exclusão, todos tendem a se afastar da pessoa com depressão como se fosse uma moléstia contagiosa.
No mundo contemporâneo não existe lugar para aquele que não está bem com sua vida, não tem o corpo perfeito, não consegue mais produzir como antes. Estas são cobranças que calam o depressivo.
Quem já fez tratamento com antidepressivo sabe que tratar uma depressão não é o mesmo que tratar um resfriado. Não adianta só tomar remédio, é preciso expressar a dor e o sofrimento, conseguir energia para mudar a si mesmo e sua vida.
O livro, desta excelente psicanalista, é complexo e nos mostra a dificuldade para a pessoa com depressão se inserir no tempo, na velocidade exigida nos dias de hoje.
Vale à pena ler!